A PRAIA é PARA SE LER

O zoo humano seminu no areal é um espelho aumentado da complexidade da vida em sociedade. Basta ler

Que se terá passado com os portugueses este ano? Não sei. Pela primeira vez em mais de 20 anos, chego a agosto sem ter feito aquele varrimento antropocoiso de idas à praia, que começava em abril e me dava aquela leitura sobre o estado de espírito dos portugueses. Parece um pouco disparatado dizer isto, mas peço benevolência. Repito: não há local menos democrático e mais revelador de quem somos, de onde vimos e do que queremos parecer do que a praia. Sob a ideia de uma suposta igualdade — corpos praticamente nus, areia e mar —, todas as diferenças de história de vida, atitudes, projeções e desejos estão ali expostas para serem lidas. E mudam anualmente. Digo isto com a certeza de quem passou centenas e centenas de horas na praia a observar ano após ano como essas metamorfoses se davam e como o mundo fora do areal (crises, epidemias, ciclos e contraciclos) se refletia nas atitudes de praia. A praia, para lá de um zoo humano onde tento compreender comportamentos, tem sido o meu barómetro do país. Este ano, não. Nem na covid acontecera. É como o governador do Banco de Portugal não ter os dados da inflação. Fica arriscado fazer previsões.

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2024-08-01T09:25:27Z dg43tfdfdgfd