RENASCIDO DAS CINZAS: BAR DO PEIXE VOLTA PARA ANIMAR O MECO COM SANGRIAS XL, SUNSETS E SABORES DO MAR

Em novembro de 2021 o famoso Bar do Peixe, na praia do Meco, é devorado por um incêndio. Leonor Mendes e Jorge Sousa não baixaram os braços. Abriram o Hangar do Peixe para manter viva a boa onda. Agora, há um restaurante renascido que promete a animação de sempre, harmonizada com sangrias e pratos com sabor a mar

Desde o passado dia 1 de fevereiro, o famoso Bar do Peixe ocupa novamente a praia que o viu nascer e renascer desde 1992. É o regresso a casa, depois de um incêndio ter reduzido a cinzas, em novembro de 2021, o famoso restaurante bar da praia do Moinho de Baixo, mais conhecida por praia do Meco. Durante dois anos, instalou-se numa morada temporária, o “Hangar do Peixe”, no topo da arriba da vizinha praia das Bicas.

Renascido, o novo Bar do Peixe aumentou ligeiramente a capacidade face ao espaço anterior, tem agora 170 lugares, e apresenta uma magnífica esplanada apoiada sobre palafitas. Apesar do novo espaço e localização, que se afastou alguns metros da original, o restaurante volta a apostar na fórmula que lhe deu a fama de um dos mais animados e divertidos bares de praia nacionais.

Assim, continua a servir as múltiplas saladinhas, como “polvo” (€14), “ovas” (€14), “atum braseado e sésamo” (€20) e a da casa, denominada “Bar do Peixe” (€14), que inclui gambas. Os mariscos permanecem protagonistas do cardápio, das famosas lapas (€23) às cadelinhas (€22), dos canivetes (€20) às ostras ao natural (€15), sem esquecer as amêijoas, fina ou macha (€28), e uma lista de sugestões servidas ao peso e mediante disponibilidade, como percebes XL, lagosta nacional e lagostins, da pedra ou da fundura. A ementa do Bar do Peixe comporta mais de 20 propostas de peixe fresco para grelhar, também servido ao peso, como pregado, goraz ou salmonete. No capítulo das carnes, provam-se várias peças, igualmente na grelha, da “Picanha do Uruguai” (€23) à “Vazia maturada” (€23), passando pelos “Secretos de porco ibérico” (€23).

Uma vida ligada ao mar

A vida de Leonor Mendes e Jorge Sousa esteve sempre ligada ao mar. O marido, profundamente apaixonado pelo oceano, dedicava-se à caça submarina e a vender o que pescava. Por isso mudavam-se entre lugares à beira-mar como Sagres e Porto Covo. O nascimento da primeira filha fê-los querer assentar. “O meu sogro tinha uma quinta na Lagoa de Albufeira (Sesimbra), ele adorava o sítio, mas, por motivos de saúde, não podia usufruir dele, e sugeriu que ficássemos ali a morar”. Leonor Mendes frequentava o barzinho da “praia do Meco” e fez saber ao dono que se algum dia pensasse em vender, estaria interessada. “Ia ao bar com a minha filha mais velha e um dia disse-lhe “José, se quiseres vender isto, nós queremos comprar” porque achei que podia ser uma coisa boa para nós, para o Jorge continuar a ir à pesca e eu ter alguma coisa para fazer por ali”, conta a proprietária.

Pioneiros nas sangrias e caipirinhas

No início dos anos 90, surgiu a oportunidade de ficar com o que era um apoio de praia e que, dois anos depois, já sofria melhorias. As vivências do casal ditaram o que foi acontecendo com o lugar. “Inicialmente começámos com sanduíches, petiscos e sangrias, que ninguém fazia, mas tínhamos um amigo muito próximo, de origem basca, que vem sempre passar os verões connosco, que insistia que tínhamos de fazer sangria”. Hoje, há nove sangrias para experimentar na carta do Bar do Peixe, entre brancas e de frutos vermelhos, de espumante ou de champanhe Moët & Chandon. Mas há muito por onde escolher para se refrescar, desde uma lista de quase uma dezena de sumos naturais e outros tantos batidos e ainda gelados da casa.

Mais tarde, “o Jorge foi ao Brasil participar numa prova de caça submarina e, quando voltou, decidiu preparar caipirinhas, que também ninguém ainda fazia na altura, e, de seguida, passámos a ter peixe fresco grelhado porque ele ia à pesca, grelhava-se o peixe para nós, para os bons amigos, e passámos a fazê-lo igualmente para os clientes”. No início, o marido era o “rei da grelha”, mas atualmente já delega. “Temos várias pessoas muito competentes na grelha e na cozinha, somos catorze, além dos extras para o verão”. André Mourão é o gerente da casa.

Leonor Mendes lembra que “abriu o Hangar do Peixe [espaço provisório] para a equipa continuar a ter trabalho, mas pensei que seria um ano. Afinal, foram dois”. Nada a que o casal não esteja habituado: a longa vida do Bar do Peixe é feita de muitas alegrias e percalços. Houve até situações em que algumas partes do bar foram levadas pela maré.

Reza a história que aqui nasceram os sunsets

Além da comida e das pessoas, a música também esteve sempre presente neste restaurante à beira-mar. As muitas festas do passado do Bar do Peixe ficaram na memória dos antigos frequentadores. “Todos os dias, tínhamos uma música que era a do pôr-do-sol e nós e os nossos amigos brincávamos e dançávamos. Era um ambiente muito saudável, no fundo iniciámos aquilo a que chamaram depois os sunsets, que eram espontâneos”. Depois houve uma época em que a festa se prolongava noite dentro. “Trabalhávamos dia e noite, mas a certa altura não me senti muito segura, mudámos o conceito, acabámos com a noite e começámos a fazer festas à tarde e aplicar um bocadinho o conceito das brincadeiras do fim da tarde que sempre tivemos”. Uma amiga DJ começou a pôr música e surgiram os fins-de-semana de sunsets. Os finais de tarde animados acontecem, mas informalmente. Todas as semanas, a equipa sugere um cocktail surpresa e desafia Leonor Mendes a desvendar a composição. “Têm total liberdade para preparar o que lhes apetecer, nós gostamos, eles ficam satisfeitos e é muito gratificante as pessoas trabalharem com gosto”. Por agora fecha à terça e quartas-feira, mas logo que o tempo melhorar encerra apenas à terça.

Sentir-se em casa

Leonor Mendes e Jorge Sousa parecem alimentar-se da energia do mar do Meco, mantêm a boa disposição e espírito positivo mesmo depois de, aos 60 anos de idade, terem enfrentado a dura perda da totalidade do Bar do Peixe no incêndio de 2021, “quando achávamos que tínhamos a vida organizada”. Mas ei-los reerguidos e a marcar pontos junto dos clientes nacionais e dos muitos estrangeiros, que cada vez mais elegem a zona do Meco para morar. “Gostam muito da comida e sentem-se em casa”.

Com duas filhas, Leonor Mendes conta que sofreram com a ausência dos pais por passarem grande parte do tempo no restaurante e não demonstram por isso, para já, interesse em seguir com o negócio. Mas acontece “uma coisa engraçada”, conta a mãe: “estão as duas ligadas, no fundo, à comida, uma é nutricionista e faz workshops entre outras coisas relacionadas com a alimentação, e, a outra, estudou fotografia na Austrália, trabalha no estúdio de fotografia do Nuno Correia, mas o tema que mais fotografa é comida”.

Independentemente de todas as considerações, comer bem, ser bem recebido, estar no areal, numa das camas de praia do restaurante, e relaxar a ver o mar, são modas que nunca passam e o Bar do Peixe (Praia do Moinho de Baixo - Meco. Tel. 913088097) continua na crista da onda nesta zona “hype” que é o Meco.

Acompanhe o Boa Cama Boa Mesa no Facebook e no Instagram

2024-03-27T11:10:10Z dg43tfdfdgfd