NA FONTE DA TELHA, ANTIGO MOTEL COM PISCINA E VISTA PARA O MAR RENASCE COMO RESTAURANTE

A história “deixa as antenas no ar”. Aproveitam-se os dias de sol para uma viagem até à Fonte da Telha para conhecer o novo restaurante Piscina. Pode saciar a curiosidade e degustar vários petiscos no espaço, junto à praia, que, onde antes existiu um motel, renasceu com o nome Piscina

A localização, na praia, mas também o nome sugestivo, são indícios de que há descobertas por fazer neste novo projeto. À chegada, uma ilusão de ótica provocada pelo tom verde-água e formato ondulado do piso da esplanada, leva a crer que existe mesmo uma generosa piscina. Não existe! Mas isso ainda aguça mais o interesse. A cor que “inunda” o olhar não é uma escolha ao acaso porque este verde-água lembra muito a água de uma piscina, mas também é o mesmo do filme “La Piscine” de Jacques Deray (1969). Foi uma das inspirações para o nome tal qual como a fabulosa história de um homem que nos anos 70 explorava um motel ali mesmo naquele lugar, zona bem recôndita da praia da Fonte da Telha. Hoje, já não existem vestígios dessa época. Com a chegada da revolução de 25 de abril de 1974, contam que o proprietário fugiu para o Brasil e nunca mais ninguém soube da sua sorte e paradeiro.

A movida de tempos idos da margem sul é muitas vezes esquecida. Convém viajar um pouco no tempo. Chegou a ser zona de veraneio de alguma burguesia. Tem situada a “dois passos”, a primeira colónia balnear do país, registada e inaugurada pela rainha Dona Amélia, em 1901, a Trafaria. Depois de muitos anos de abandono, o motel da Fonte da Telha deu lugar ao restaurante, “Bambu”, que ali funcionou até chegar a vez de os atuais oito sócios criarem o novo Piscina. Na realidade, são cada vez mais os projetos de cidadãos estrangeiros, ou com sócios de várias nacionalidades, na margem sul, como a Casa Rêia, Posto da Onda, Bohemian Club (mudou depois de mãos) e o recém-inaugurado La Villa, citando apenas alguns exemplos.

De pulmão aberto e arregalados com a vista para o Atlântico, é agora tempo de descobrir a ementa do restaurante Piscina. Bernard Ballager, um dos sócios, ligado à indústria cinematográfica, veio de Paris para Lisboa, já conta com uma experiência de restauração junto à Sé. Adora a Fonte da Telha e promete: “o restaurante vai ficar aberto durante todo o ano”. A ementa é extensa e sobretudo portuguesa, “com um pouco de influência tailandesa, em alguns molhos, e com ótimo sushi, mas o princípio é ter muitos pratos para partilhar, diferentes do que encontra usualmente nos vários restaurantes na praia”, explica.

A cozinha está a cargo do português Márcio Rodrigues que trabalhou no Yamba, o clube de praia da Costa da Caparica que ardeu em 2021, e que deverá reabrir no próximo ano. Sugere nigiris (€6), gunkans (€6), sashimi (€10), bowls (€16,50), ceviches (€16), tártaros, tatakis e, sobretudo, pratos de peixe. A cozinha é aberta e na banca de peixes do Atlântico “porque Emmanuel, um dos sócios, quer muito trabalhar o peixe”, diz Ballaguer, “são grelhados no carvão e têm acompanhamentos diferenciados como legumes grelhados, batata assada a murro ou arroz selvagem.” No inverno pensam intensificar a oferta de mariscos, mas, para já, há casco de sapateira (€18) e ostras (€12).

Entre os petiscos portugueses estão “Gambas à guilho” (€16,50), “Ameijoas à Bulhão Pato” (€18), mas também “Fritada do mar” (€18), “Costeletas de borrego” (€18) e “Tirinhas de porco preto” (€14). Bernard chama a atenção para “os arancinis de polvo e sriracha, são um sucesso”. Existe também a hipótese de take-away de sanduíches e bagels para levar para a praia, nos meses de verão.

O restaurante conta com um piso inferior, especialmente convidativo pelo conforto e decoração, ideal para tomar uma bebida e deixar-se ficar, sempre com os olhos postos no mar. Neste piso, uma zona mais fresca é aproveitada para garrafeira, feita de vinhos franceses e portugueses.

Peça um dos gelados artesanais. Há sabores inusitados como a Clementina corsa, mas também um consolador Algodão doce. Há ainda as uvas geladas marinadas, para ir comendo enquanto relaxa numa espreguiçadeira. Olhe o vaivém do mar ou apanhe aquela onda. A escola de surf de Tiago Pires, o primeiro surfista português que se qualificou para o WSL Elite Tour, está instalada no restaurante Piscina (Avenida Vasco da Gama, Fonte da Telha. Tel. 935763900).

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