CONHECER O BRILHO DAS JOIAS DO MAR EM “SPINELESS”

O que ver na exposição “Spineless” (Invertebrados), no Mystic Seaport Museum em Mystic - no estado norte-americano do Connecticut

A beleza é um dos perigos do mergulho em apneia. Algumas paisagens e seres vivos submarinos podem distrair quem mergulha com demasiada confiança. No caso do joalheiro e especialista em vidro Leopold Blaschka, o fascínio com a zoologia marítima terá começado à tona de água, em águas portuguesas. Sem vento, o veleiro de que era passageiro ficou parado durante duas semanas, perto do arquipélago dos Açores, em 1853. Nessa primavera, o alemão Blaschka estava a viajar até aos Estados Unidos, depois das mortes recentes da mulher e do pai. À noite, no meio do mar, reparou na luminosidade da Lua refletida em alforrecas. Era a primeira vez que as via em movimento, conhecia-as apenas de ilustrações. Pareceram-lhe de vidro e aproveitou para recolher algumas, desenhando-as. Quase duas décadas depois dessa epifania açoriana, foi publicada a primeira edição do livro de Júlio Verne “Vinte Mil Léguas Submarinas”, que viria a ser lido por várias gerações. Este livro de ficção científica nasceu num contexto de alterações sociais e de inovações técnicas como os aquários domésticos de água salgada, que tinham levado a que a natureza em geral e os animais do mar em particular interessassem a cada vez mais pessoas, entre curiosos e cientistas. Quando o livro de Verne foi publicado, já Leopold Blaschka (1822-1895) estava lançado como criador de réplicas de invertebrados marinhos e, depois, de flores em vidro. Este modelo de um polvo é um dos exemplos do trabalho de Leopold e do filho, Rudolf Blaschka (1857-1939), que são agora as estrelas da exposição “Spineless” (Invertebrados), no Mystic Seaport Museum em Mystic, no estado norte-americano do Connecticut. Com a reprodução perfeita de animais invertebrados em vidro, os Blaschka resolveram um problema vivido pelos responsáveis das universidades e dos museus que se estavam a multiplicar nos Estados Unidos e na Europa, no século XIX. Era possível embalsamar e expor animais vertebrados, já os invertebrados acabavam conservados em frascos com formol, perdendo as cores e as formas. Assim recriados em vidro, passavam a imitar o brilho das joias do mar.

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2023-12-03T19:03:58Z dg43tfdfdgfd