BANHOS CURTOS, REUTILIZAR, USAR TRANSPORTES PúBLICOS, MENOS CARNE E MAIS VEGETAIS: OS CONSELHOS DA ZERO PARA O DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

Perante o cenário atual que se vive no país e no mundo, a associação ambientalista ZERO apela “à ação dos cidadãos” em cinco áreas prioritárias para colocar o país nos carris da sustentabilidade ambiental e acelerar a marcha

Nos últimos 50 anos “apenas cerca de um décimo das centenas de metas globais nas áreas do ambiente e desenvolvimento sustentável acordadas pelos países foram alcançadas ou tiveram um progresso significativo”, alerta a associação ambientalista Zero. Ao mesmo tempo, lembra que “o uso de recursos naturais mais do que triplicou” e as desigualdades sociais acentuaram-se, deixando “a metade mais pobre da população global com apenas 2% da riqueza global total, enquanto os 10% mais ricos possuem 76% de toda a riqueza” e são os responsáveis por mais da metade do total de emissões de carbono.

É com esta introdução que, este domingo, a Zero apela à “ação para inverter o rumo e garantir que todos poderemos viver em boas condições num futuro próximo”. Fá-lo na véspera do Dia Mundial do Ambiente, criado na Conferência de Estocolmo de 1972, lembrando que a janela de oportunidades está a esgotar-se. E deixa dicas para o que cada pessoa pode fazer em cinco áreas.

Acelerar a redução de emissões

Portugal conseguiu reduzir em 34% as emissões de gases de efeito de estufa entre 2005 e 2021, o que deixa o país no pelotão da frente da União Europeia a 27. Porém, para os ambientalistas, é preciso acelerar o passo e quase duplicar a redução anual média de emissões, dos atuais menos 2,6% ao ano para menos 4% ao ano. A Zero diz que só acelerando é que Portugal conseguirá cumprir a meta de redução de menos 55% de emissões face a 2005 até 2030 e, assim, cumprir a Lei de Bases do Clima. E uma vez que o setor dos transportes tem estado “em contramão”, segundo a Zero — representa 28% das emissões e teve um aumento de 7,3% entre 2020 e 2021—, os ambientalistas apelam a que se reduza o uso do transporte rodoviário individual e se usem mais os transportes públicos ou os modos suaves.

Ser eficiente no uso da água

Com mais de um terço do país em seca severa e extrema - um cenário que tende a agravar-se e a ser mais frequente no futuro -, a Zero sugere que maior eficiência no uso da água a começar pela toma de duches curtos, “tendo presente que a cada minuto um banho gasta cerca de oito a dez litros de água em média.

Parar com o “usar e deitar fora”

Cada português produz 1,4 kg de lixo por dia, o que dá 511 kg por ano e coloca os portugueses entre os que mais lixo produzem e menos reciclam (a taxa de circularidade dos materiais anda nos 2,2%). Por isso, a Zero sugere que “se mude o paradigma de ‘usar e deitar fora’, assente na incineração e deposição em aterro (para onde vão mais de 50% dos resíduos) e se aposte na reutilização, na troca, na reparação e na compra em segunda mão.

Comprar produtos locais e não desperdiçar alimentos

Com o setor agrícola nacional a aumentar o seu peso nas emissões nacionais de gases de efeito de estufa desde 2016 (mais de 12% do total em 2020), a Zero aponta para a necessidade de “travar a expansão da agricultura industrial, focada na produção para exportação e com base em monoculturas totalmente dependentes de rega”. Os ambientalistas frisam que este tipo de produção e ocupação dos solos está a “acelerar o desaparecimento da biodiversidade e de paisagens de alto valor natural”. E aconselham: optem por “produtos da época, produzidos localmente através de práticas agroecológicas” e evitem o desperdício alimentar.

Alimentação mais saudável

A Zero também olha para a balança alimentar nacional e verifica que “cada português consome cerca de três vezes a proteína animal sugerida na roda dos alimentos”. O conselho é apostar numa balança alimentar mais equilibrada onde os vegetais pesam metade, as leguminosas um quarto, e as frutas dois terços. E sublinham que “tal tem um impacto significativo na nossa saúde, mas também no ambiente”.

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