O PARADOXO TURíSTICO DA VENEZUELA: RICA EM RECURSOS, MAS COM DIFICULDADES PARA ATRAIR TURISTAS
A Venezuela, um país abençoado com riquezas naturais e paisagens deslumbrantes, enfrenta um paradoxo turístico.
Apesar de seus recursos abundantes, o país tem dificuldades para atrair visitantes internacionais devido à conectividade aérea severamente reduzida.
A suspensão de voos comerciais para destinos importantes como Panamá, República Dominicana e Peru em 31 de julho levou a uma queda drástica de 54% na conectividade internacional, prejudicando severamente o desenvolvimento do turismo.
Segundo Marisela de Loaiza, presidente da Associação Venezuelana de Companhias Aéreas (ALAV), o número de voos internacionais semanais caiu de 181 para apenas 83, resultando na perda de 98 voos e 15.000 assentos a menos a cada semana.
Essa queda, ela afirma, é um grande golpe para o setor de turismo e para a economia venezuelana em geral.
Instabilidade política e seu impacto no turismo
Vicky de Díaz, presidente da Associação Venezuelana de Agências de Viagens e Turismo (AVAVIT), atribui o declínio da indústria do turismo à atual turbulência política na Venezuela.
Antes dos recentes acontecimentos políticos, houve um otimismo renovado à medida que novas companhias aéreas e turistas internacionais começaram a retornar, auxiliados por influenciadores que promoviam as joias turísticas escondidas da Venezuela.
No entanto, eventos políticos, particularmente em torno das eleições de 28 de julho, interromperam essa recuperação.
As suspensões de voos cortaram rotas cruciais para o Panamá, República Dominicana e Peru, que eram vitais para a conectividade turística da Venezuela.
Díaz ressalta que o impacto dessas suspensões é significativo, não apenas para os viajantes, mas também para as empresas que dependem do turismo internacional.
Apesar desses desafios, Díaz destaca que os voos fretados surgiram como uma potencial tábua de salvação, atraindo visitantes de mercados até então inexplorados, como Rússia, Polônia, China e Trinidad.
No entanto, ela ressalta a necessidade de voos comerciais regulares para apoiar o crescimento de longo prazo na indústria do turismo e construir uma estrutura operacional confiável para uma recuperação sustentável.
Por que a Venezuela saiu do mapa do turismo?
Duas décadas atrás, a Venezuela era um destino popular para turistas europeus e americanos, com praias e cidades movimentadas.
No entanto, o aumento das taxas de criminalidade depois de 2010 e a crise humanitária em 2014 afastaram os visitantes.
Hoje em dia, viajar para a Venezuela não é apenas caro — com voos de Londres para Caracas variando de £ 627 a £ 969 — mas também é caro para os turistas quando chegam.
Comer fora em Caracas pode facilmente custar entre US$ 100 e US$ 150, o que o torna um luxo fora do alcance da maioria dos venezuelanos, que ganham um salário médio mensal de US$ 3,50.
Embora a criminalidade tenha diminuído nos últimos anos e as condições tenham melhorado, os altos custos, a instabilidade política e os serviços públicos não confiáveis continuam a impedir o retorno dos turistas.
Muitas empresas, principalmente hotéis, se adaptaram instalando geradores de reserva e sistemas de abastecimento de água, mas as recentes suspensões de voos representaram um duro golpe para um setor já frágil.
O paradoxo venezuelano — um país rico em petróleo com imenso potencial turístico, mas com dificuldades para atrair visitantes — continua sendo uma história convincente de geopolítica e economia.
Os desafios atuais do país em termos de conectividade da aviação e estabilidade política pintam um quadro sombrio para a indústria do turismo.
No entanto, relações internacionais mais fortes e uma governança mais inteligente poderão um dia devolver à Venezuela seu devido lugar no mapa global do turismo.
Por enquanto, a jornada em direção a esse objetivo continua repleta de dificuldades, mas é uma jornada que vale a pena para uma nação com tanto a oferecer.
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